O cheiro do tempo
Carregado no vento
Força a minha cabeça a se lembrar
A natureza cruel ganhou de novo.
Nos campos e nas florestas
Debaixo da lua e debaixo do sol
Outro verão se passa diante de nós
E nenhum homem conseguiu
E nenhuma mulher conseguiu
Revelar os segredos deste mundo
E quando eu estiver triste
Triste, de não ter jeito
Vendo a devastação do meu leito
A bagunça em que nos metemos
O genocídio que cometemos
Lembro-me dela: natureza
Cruel. Cruel natureza.
Humana. Cruel natureza humana.
E os nossos jovens sobreviventes
Escondem-se com armas
Na sujeira e na escuridão
Não terão descendentes
Vou-me embora deste mundo
Este mundo que eu criei
Vou-me embora. Vou-me embora.
O cheiro do tempo
Carregado no vento
Força-me a me lembrar
Cruel.
Cruel humanidade.
- André Oliveira Silva, Edificações 1º A